sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

História do surgimento do e-mail

Surge em 1971, quando Ray Tomlinson enviou a primeira mensagem de um computador para outro, utilizando o programa SNDMSG que ele acabara de desenvolver. O SNDMSG ficou conhecido como sendo o primeiro programa a transferir e-mail pela ARPANET, malha de computadores criada pelos militares norte-americanos que, no futuro, daria origem à internet. Foi também Tomlinson quem escolheu o símbolo @ para sinalizar a localização do endereço de cada usuário. Segundo Campbel (1998), após certificar-se que seu programa funcionava, Tomlinson enviou uma mensagem aos colegas do projeto, narrando o feito e instruindo-os a colocar a arroba entre o login do usuário e o nome do computador provedor. O e-mail causou uma mudança social significativa na forma de comunicação dos usuários da rede, tornando-se uma comunicação mais pessoal e quebrando algumas barreiras formais existentes em outras formas de comunicação escrita. O formato original da mensagem de e-mail, que existe até hoje, foi baseado no modelo de memorando, com os campos “To:“, “From:”, “Subject:” e “cc:“ que a comunidade de pesquisadores já estava acostumada, e a substituição dos memorandos pela versão eletrônica foi um dos usos do e-mail dentro dos escritórios. Uma pesquisa da época do início da utilização do e-mail indicava que de 60 a 80 por cento das mensagens enviadas eram dirigidas a pessoas dentro do mesmo escritório, indicando que o e-mail rapidamente começou a fazer parte dos padrões de comunicação institucionais. Assim como o telefone e a eletricidade, as pessoas começaram a ficar dependentes do e-mail no seu dia-a-dia.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Estrutura do E-mail


Exemplo 1: Exemplo 2:

Exemplo 3:





Exemplo 4:


O e-mail se tornou o meio de comunicação mais utilizado nas sociedades letradas. Segundo Paiva (2004), o termo e-mail (eletronic mail) é utilizado, em inglês para o sistema de transmissão e, por metonímia, para o texto produzido para esse fim. O surgimento do correio eletrônico dividiu a sociedade entre os “com internet” e os “sem internet”, caracterizando desta forma quem tem acesso ou não ao mundo virtual e conseqüentemente uma maior inserção social. No entanto, todo meio de comunicação apresenta vantagens e desvantagens.
Consideramos vantagens a velocidade na transmissão do email, o baixo custo, a facilidade com que o usuário pode ser contatado, a possibilidade de uma mensagem ser enviada ao mesmo tempo para diversas de pessoas, o arquivamento, a impressão, o re-envio, além de ser um suporte para anexar arquivos em formatos diversos. No entanto, as desvantagens que acompanham esse meio podem deixar o usuário em situações constrangedoras. Podemos ter o excesso de mensagens recebidas, a possibilidade de enviarmos o e-mail para o endereço errado ou ainda anexarmos arquivos que contenham vírus, além é claro da invasão de privacidade, pois podemos a qualquer momento enviar um determinado texto para outro destinatário, intencionalmente ou não.

Vamos observar os exemplos acima:

Exemplo 1 - A estrutura do e-mail divide-se da seguinte forma: o cabeçalho, o corpo e o anexo. No cabeçalho encontramos os itens essenciais para o envio da mensagem, ou seja, o endereço digital do remetente, o endereço digital do(s) destinatário(s), logo a seguir encontramos um campo que é opcional destinado ao envio de cópias, ocultas ou não e ainda o campo do assunto que, na maioria das vezes, desperta o interesse ou não pela leitura da mensagem. No corpo do e-mail está o espaço destinado para a escrita da mensagem. Em sua estrutura ainda há a possibilidade do destinatário enviar anexos, se necessário.

O gênero textual e-mail é considerado um gênero e um suporte pelo qual podemos veicular diversos outros gêneros. Segundo Paiva (2004) o e-mail é considerado uma transmutação da carta, sendo visto como um gênero epistolar. Verificamos que na maioria das vezes os textos dos e-mails são compostos de abertura e fechamento, que são características da carta, outra semelhança é com a presença de tópicos bem reduzidos como normalmente encontramos no texto dos bilhetes. E ainda, encontramos dos gêneros orais a rapidez e a possibilidade de estabelecer um diálogo.

Exemplo 2 - neste , o e-mail está veiculando um outro gênero textual, ou seja, um poema de Carlos Drummond de Andrade. Não houve a preocupação de abertura, pois, provavelmente, o remetente destinou este mesmo texto para várias pessoas. Encontramos o fechamento (“com carinho”) com uma escrita informal e a preocupação com a assinatura (“Lúcia”).
A escrita do gênero textual e-mail é bastante peculiar, pois como já dito o e-mail deve ser um meio de comunicação rápido e objetivo, aliando a isto a herança das características do gênero epistolar. Segundo Paiva (2004) o e-mail herda dos gêneros orais a rapidez, a objetividade e a possibilidade de se estabelecer um “diálogo”. Como esse gênero pretende simular um diálogo verificamos que elementos da fala informal estão muito presentes nos textos, como, por exemplo, o uso de abreviações, apelidos e até mesmo a falta de revisão.

Exemplo 3 - nesse outro texto, encontramos o uso da linguagem formal, a preocupação com o vocabulário e com a pontuação, pois está sendo direcionado para candidatos que estão participando de uma dinâmica de grupo. A estrutura do texto é bastante formal, ou seja, abertura, corpo, fechamento e assinatura, que neste caso é através do endereço eletrônico.


Exemplo 4 - observamos que o e-mail está sendo utilizado como suporte para um link que levará a uma receita que foi indicada por outra pessoa (“Karen”), que não é a mesma que está enviando o e-mail (“Equipe Nestlé Cozinha”). Nesse exemplo observamos características comuns a estrutura de uma carta, com abertura, fechamento e assinatura( sendo estes dois últimos elementos pós-textuais).

Assim podemos ver que o correio eletrônico possibilita a transmissão de vários tipos de dados como textos diversos (formato texto, power point, tabelas, gráficos), imagens (desenhos, fotos), som (fala e música), vídeo, e também como este gênero, na verdade, se comunica com outros gêneros textuais.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

E-mail e as Leis de Grice

Os discursos são categorias que pressupõem a existência de algumas leis para sua efetivação permitindo a interpretação dos enunciados pelos quais se concretiza. Tais leis devem ser respeitadas pelos interlocutores quando participam de um ato de comunicação verbal.
A construção de uma interpretação sobre um determinado enunciado só é possível a partir do respeito às “regras do jogo” estabelecidas para determinado ato enunciativo. As leis do discurso também permitem o reconhecimento dos sujeitos envolvidos na comunicação, conferindo-lhes o lugar de onde se posicionam no quadro de dado ato comunicativo. Essas leis estão sob o princípio de cooperação que permite a cada sujeito reconhecer seus direitos e seus deveres no ato de comunicação.
O email como gênero de texto apresenta características sócio-comunicativas definidas por seu estilo, função, composição, conteúdo e canal. Um gênero eletrônico escrito, com características típicas de memorando, bilhete, carta, conversa face a face e telefônica, cuja representação adquire ora a forma de monólogo ora de diálogo e que se distingue de outros tipos de mensagens devido a características bastante peculiares de seu meio de transmissão, em especial a velocidade e a assincronia na comunicação entre usuários de computadores.


É possível observar características no e-mail que o levam a ser considerado como um gênero textual discursivo e que se adequa as Lei de Grice como será apresentado abaixo:

Lei da Pertinência


Toda enunciação reclama sua pertinência, o que obriga o destinatário a checar essa pertinência. Para essa lei o assunto que está sendo tratado deve condizer totalmente com a realidade. O gênero textual e-mail se adequa a essa lei, pois em sua estrutura tem-se a inclusão do assunto permitindo ao destinatário a prioridade de leitura ou até o descarte do texto.


Lei da Sinceridade


Essa lei diz que o conteúdo analisado deve ser sincero no sentido de palpável, coerente com o que a mensagem do gênero textual está querendo passar, ou seja, a mensagem passada através do e-mail deve ter como prioridade está passando uma informação real e precisa.

Lei da Informatividade


Essa lei diz que o receptor da mensagem deve receber informações novas dos enunciadores do discurso. Através do e-mail, recebemos mensagens sobre campanhas publicitárias, assuntos de trabalho, trabalhos de faculdade, horóscopos, anúncios de produtos e etc.



Lei da Exaustividade


Implica que um enunciado deve dar a informação máxima, levando em conta a situação. Essa lei diz que a informação por mais sucinta que seja, deve ser clara e levar o número máximo de informações para o entendimento do receptor. É possível observar esta lei no e-mail, pois o mesmo tem por características ser claro, breve e objetivo.



terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

A Organização Retórica e os Propósitos comunicativos do e-mail

A organização retórica de um e-mail tem por finalidade essencial convencer, ou até mesmo persuadir o público-alvo. Segue exemplo de e-mail solicitando ajuda acadêmica:

Olá,
Estou precisando com alguma urgência da indicação de bibliografia a respeito do ensino de Português como 2ª língua. Livros, artigos, qualquer coisa me interessa.
Desde já muito obrigada.


Carla Santos

No estudo da organização retórica do gênero em exame, são identificados 4 “elementos” principais (obrigatórios e convencionais), com base no percentual de ocorrência de cada um deles e a ordem na qual eles ocorrem: saudações de abertura, o pedido, expressão de agradecimento e formas de saudação de fechamento.

Todos os gêneros de texto têm um propósito comunicativo, já que este é o definidor do gênero, independentemente da forma que dado gênero venha a ter, cabe ao propósito comunicativo a tarefa de organizar as ações que são feitas com os gêneros dentro das comunidades discursivas, ou seja, é o determinante das atividades a serem cumpridas com os gêneros.

É o propósito comunicativo que conduz as atividades lingüísticas da comunidade discursiva; ele serve de critério prototípico para a identidade do gênero e opera como determinante primário da tarefa. Os e-mails são, verdadeiramente, mensagens assíncronas digitalmente escritas, impregnadas de traços característicos da comunicação escrita, como, por exemplo, a possibilidade de reedição do discurso durante a produção, já que as tomadas de decisão não são feitas on-line ou instantaneamente como em uma conversa síncrona convencional. A assinatura do emissor nos e-mails é outra propriedade do discurso escrito transportado para mensagens digitais.

Assim, o e-mail acima tem como propósito comunicativo o de pedir ajuda: informação ou material. Logo, adotando-se o critério de identificação e classificação dos gêneros como ações sociais e, sobretudo, de acordo com seu propósito comunicativo, um e-mail solicitando ajuda constitui um gênero por possuir algumas características consideradas importantes: tem um nome reconhecido dentro das importantes comunidades discursivas relevantes, os membros daquelas comunidades o reconhecem como um ato comunicativo identificável, os membros compartilham da compreensão sobre seu propósito público e respondem a esse propósito com uma limitada série de comportamentos. Logo, seu propósito pode ser compreendido por essa comunidade e pode gerar respostas.


Referências Bibliográficas:

FOLHA ON LINE. E-mail comemora 30 anos de idade; conheça sua história. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u8122.shtml. Acesso em 13/02/2010.

CVL Comunidade Virtual da Linguagem. Lista de Discussão. Disponível em http://groups.yahoo.com/group/CVL . Acesso em 13/02/2010

PAIVA, Vera L. M. O. E-mail: um novo gênero textual. In: MARCUSCHI, L.A. & XAVIER, A. C. (orgs.). Hipertextos e gêneros digitais. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004. Acesso em 15/02/2010.


Zanotto, Normélio. E-mail e carta comercial – estudo contrastivo de gênero textual. Caxias do Sul. Ednes 2005.

BAKHTIN, M. (1979) Os Gêneros do discurso. In: BAKHTIN, M. Estética da criação ver-bal. Tradução de Ermantina G. G. Pereira. São Paulo: Martins Fontes, 1992, p. 277-326.


FERREIRA BRITO, L; MACEDO, A. Características dos pedidos em português. Anais do Encontro Nacional de Lingüística. Rio de Janeiro: PUC, 1985.